sexta-feira, outubro 17, 2008

Criatividade não combina com fobia

Se o pensamento criativo está ao alcance de todos, por que então algumas pessoas continuam se destacando mais do que as outras?

Essa foi uma questão que me fez ficar mais perceptivo às atitudes das pessoas consideradas criativas com as quais tive a oportunidade de conviver junto com outras maravilhosas, também criativas, porém em menor escala.

Pude perceber e aprender uma característica muito peculiar entre as mais criativas.

Elas não tinham MEDO.

Medo de pensar idéias absurdas, medo de questionar, medo de discordar, medo de colocar em prática, medo de ser curioso, medo de ser brega, medo de conhecer outras culturas, medo de sonhar, medo de “viajar na maionese”, medo do que os outros vão pensar ao seu respeito, enfim essas pessoas não tinham medo de pensar criativamente sobre qualquer assunto tendo somente o universo como limite.

E quando você adota essa postura o pensamento criativo flui de forma mais intensa.

A pessoa criativa não se contenta com o atual, ela questiona o atual, conhece o atual e o modifica.

E por que de cada 10 pessoas que conhecemos apenas 2 ou 3 no máximo possuem esse pensamento criativo?

Acredito que isso se deve ao sistema educacional vigente que vem formando “pessoas que apenas memorizam o conteúdo” e não pensadores que questionem o mesmo.

Isso me fez lembrar um artigo que li um tempo atrás, e tentarei trancrevê-lo aqui de forma concisa:

De Waldemar Setzer, professor aposentado da USP:

Waldemar recebeu um convite de um colega para servir de árbitro na revisão de uma prova que tratava-se de avaliar uma questão de Física, que recebera nota zero.O aluno contestava tal conceito, alegando que merecia nota máxima pela resposta, a não ser que houvesse uma "conspiração do sistema" contra ele.Professor e aluno concordaram em submeter o problema a um juiz imparcial.

Chegando na sala Waldemar leu a questão da prova, que dizia: "Mostre como pode-se determinar a altura de um edifício bem alto com o auxilio de um barômetro (instrumento destinado a medição da pressão atmosférica)."A resposta do estudante foi a seguinte: "Leve o barômetro ao alto do edifício e amarre uma corda nele; baixe o barômetro até a calçada e em seguida levante, medindo o comprimento da corda; este comprimento será igual a altura do edifício."Sem duvida era uma resposta interessante, e de alguma forma correta, pois satisfazia o enunciado.

Waldemar sugeriu então que fizesse uma outra tentativa para responder a questão que deveria mostrar, necessariamente, algum conhecimento de física.Segundo o acordo, ele teria seis minutos para responder a questão, isto após ter sido prevenido. Passados cinco minutos ele não havia escrito nada, apenas olhava pensativamente para o forro da sala. Waldemar Perguntou-lhe então se desejava desistir, mais surpreso ficou quando o estudante anunciou que não havia desistido. Na realidade tinha muitas respostas, e ele estava justamente escolhendo a melhor. No momento seguinte ele escreveu esta resposta: "Vá ao alto do edifico, incline-se numa ponta do telhado e solte o barômetro, medindo o tempo t de queda desde a largada ate o toque com o solo.Depois, empregando a formula h=(1/2)gt^2 , calcule a altura do edifício. Tirou a nota máxima.

Waldemar não resistindo perguntou ao estudante quais eram as outras respostas."Ah!, sim," - disse ele - "Há muitas maneiras de se achar a altura de um edifício com a ajuda de um barômetro”. "Por exemplo, num belo dia de sol pode-se medir a altura do barômetro e o comprimento de sua sombra projetada no solo, bem como a do edifício.Depois, usando-se uma simples regra de três, determina-se a altura do edifício.""Um outro método básico de medida, aliás bastante simples e direto, é subir as escadas do edifício fazendo marcas na parede, espaçadas da altura do barômetro. Contando o número de marcas ter-se-á a altura do edifício em unidades barométricas".Um método mais complexo seria amarrar o barômetro na ponta de uma corda e balançá-lo como um pêndulo, o que permite a determinação da aceleração da gravidade (g).Repetindo a operação ao nível da rua e no topo do edifício, tem-se dois g's, e a altura do edifício pode, a principio, ser calculada com base nessa diferença. "Finalmente", - concluiu, - "se não for cobrada uma solução física para o problema, existem outras respostas. Por exemplo, pode-se ir até o edifício e bater à porta do síndico. Quando ele aparecer; diz-se:"Caro Sr. sindico, trago aqui um ótimo barômetro, se o Sr. me disser a altura deste edifício, eu lhe darei o barômetro de presente.".

O aluno admitiu que sabia a resposta, mas estava tão farto com as tentativas dos professores de controlar o seu raciocínio e cobrar respostas prontas com base em informações mecanicamente arroladas, que ele resolveu contestar aquilo que considerava, principalmente, uma farsa.

"Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto" (Albert Einstein).
Pois bem, quer ser Criativo?

Não tenha medo de questionar, cada resposta é o começo de novas perguntas...

Não tenha medo de pensar, seja um caminhante nas avenidas do seu ser, se posicione como aprendiz diante da vida.